Fluvia Lacerda estava em Blumenau!

  • DNA ÚNICO By Cristiano Santos

    Fluvia Lacerda, 31 anos, é modelo há quase uma década. Descoberta no metrô de Nova York, a carioca criada no Nordeste se transformou em um dos corpos mais comentados do restrito mundo da moda. O manequim 48 a transformou na “Gisele Bündchen plus size”, apelido que recebeu graças à exposição em campanhas, editoriais e capas de revistas. Tem sido, inclusive, vista com frequência nas páginas da Vogue Itália, desde sempre a mais interessante versão da publicação mundial. Nesta semana, ela esteve em Blumenau para fotografar a campanha Tropical Inverno 2012 da Cativa Mais Feminina, marca da empresa de Pomerode. Antes da sessão de fotos, conversou com a coluna.

    Entre outras coisas, os Estados Unidos são conhecidos pelo excesso de peso da população. Não é curioso uma brasileira ter se tornado uma espécie de espelho para as mulheres daquele e de outros países?
    Olha, não é nem só nos Estados Unidos. Este mercado já estava bem estabelecido na Europa há um tempo. É uma coisa interessante de certa forma. É uma coisa muito positiva também pelo fato de que eu sempre respeitei meu corpo, sempre me cuidei bem e trabalho para representar outras mulheres que eu acredito que vivem assim.

    Sua imagem tem sido vista em algumas edições da Vogue, a principal revista de moda do mundo. Como este universo te recebeu?
    O mercado lá fora é bem aberto. Eu acho que no fim das contas você não tem como sobreviver com um negócio, seja qual for, se não estiver em sintonia com o consumidor. Ignorar isso é ignorar muito dinheiro. Essa consumidora tem poder de consumo e quer ser representada.

    Em entrevista à revista Moda, você falou sobre a reeducação visual do pensamento das mulheres. Nós caminhamos para essa mudança?
    Eu acho que sim. As mulheres no mundo inteiro estão sofrendo essa pressão de que tem que entrar num molde, mas que nunca vão entrar. É uma vida inteira de massacre psicológico. Definitivamente é reeducar visualmente, é ver que existem mulheres que vivem bem e existe a possibilidade de respeitar o corpo. Principalmente, num modelo ditado por sabe Deus quem. Chegamos a um limite. A própria internet trouxe isso e as mulheres do mundo todo começaram a trocar idade. Esse mercado surgiu não pelo fato específico da obesidade, mas porque temos um DNA único e que não adianta forçar a barra. Acho que as mulheres estão de saco cheio de tudo isso.

    Essa tendência plus size não pode ser apenas uma exploração mercadológica?
    Poderia se tivesse durado muito pouco. Mas é uma coisa que a cada ano toma um espaço maior. Eu lembro que quando comecei minha carreira, conheci um fotógrafo muito famoso que falou: ‘isso é febre, vai passar’. Oito ano depois tomou proporções espetaculares. Quem diria que uma Anna Wintour (editora da Vogue US) iria abrir suas páginas? Que a Vogue Itália teria quase todo mês ensaios com modelos plus size? É um mercado massivo.

    Você tem uma filha de 10 anos. Que relação ela tem com a profissão da mãe?
    Não converso muito sobre o meu trabalho em casa. Grande parte do meu trabalho é buscar falar sobre esse lado psicológico que as mulheres sofrem diante da família, da sociedade etc. Então, eu falo desse lado do meu trabalho com ela, de que você precisa estar bem. Nunca falo nada sobre seu tamanho, seu peso, essas coisas. Sou casada com um australiano que adora jogar rúgbi, a gente pratica esporte. Agora ela está fissurada por skate.

    Como está o mercado no Brasil?
    Está chegando lá. Eu comprei essa briga porque vim visitar minha irmã aqui no Brasil, perdi minha mala e tive que vestir roupa de ginástica por dois dias. Porque não tinha roupa. E isso foi há muito tempo. Então, a ficha caiu. Porque morando lá fora, com tantas opções, eu nunca tinha me dado conta. A primeira coisa que pensei foi sobre o que as mulheres fazem. A realidade da rua não é compatível com a realidade que a mídia nos empurra. O Brasil não tem fins lucrativos pra mim, é mesmo uma causa. É um mercado que está crescendo agora, principalmente nos últimos cinco anos. E agora não fico com medo de perder a mala (risos).

    As mulheres te abordam?
    Nos Estados Unidos e Europa rola bastante (reconhecimento). Aqui no Brasil, principalmente quando decidimos dar uma circulada em um shopping. É uma coisa de agradecer mesmo. Eu recebo e-mails que me fazem chorar, contando coisas muito pessoais, de problemas que já viveram ou vivem, da crítica e do preconceito. É a parte mais gratificante do meu trabalho.

    A felicidade é o segredo?
    Eu acho. Eu falo que é muito de criação porque minha mãe, que é professora aposentada, dava aulas de Educação Física e cresci praticando esportes. É assim que eu crio a minha filha. Minha mãe nunca inseriu ideias vazias para os filhos, de vaidade, das rugas. Ela sempre foi muito positiva. Você pode ser o que você quiser. Ela sempre me apoiou. Eu já sofri preconceito, mas eu sou imune a isso porque esse tipo de paranoia nunca foi inserida na minha cabeça. É estar confortável com você. É a felicidade.

    Vamos acreditar que depois deste ápice das mulheres “photoshopadas” teremos um retorno do natural, né?
    Eu gostaria realmente que a mulher, por tudo o que já lutamos lá atrás, fosse reconhecida pela cabeça e não pelo exterior. Que a gente aprendesse e repassasse isso para as futuras gerações. Não é só a casca. Qual o valor de você ser reconhecida pelas cirurgias plásticas?

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